November 26, 2011

Reflexo

Um dia olhei ao espelho
Pensando encontrar uma conhecida
Mas enganei-me e ao olhar ao espelho
Vi a cara de uma estranha perdida

Olhei mais fundo no espelho
Procurando algo meu naquela expressão
Perdi-me ao ver aquele ódio
Ao ver o demónio que apanhou o meu coração

Estava presa naquele espelho
Não sabia como me salvar
Lutei por me ver naquele reflexo
Mas o rosto não era meu para reclamar

Um dia olhei ao espelho
E era uma desconhecida que via
No entanto aquele reflexo era meu
Era o reflexo de toda a dor que sentia...

Noite

Noite
De abraços distante
De medo constante
A solidão a abraçar

Noite
Em ti guardo meu medo
E tu me guardas em segredo
E me ajudas a sonhar

Noite
De beijos gelados
De amores falados
Mantém-me junto de ti

Pois, oh Noite
Preciso da escuridão
Onde guarde meu coração
E me esqueça do que sofri

Solidão

Talvez seja loucura ver o sol a esconder-se no horizonte. Talvez ele nem exista. Talvez aquela brisa da manhã seja apenas uma ilusão. Sinto o luar a encandear o meu rosto enquanto lágrimas caiem, cada uma solitária, cada uma em seu lugar, sem nunca se tocarem, sem nunca se chorarem. E sinto o amanhecer a iluminar o meu olhar, mas sem nunca me abraçar, sem nunca me tocar. E sinto a solidão. Os risos ecoam na minha mente, mas demasiado distantes para me alegrar. A fúria passa por mim, mas nem esta me deseja acompanhar. Dói-me tanto a solidão e por vezes sinto que já nem tenho coração de tanta dor que o atingiu. E sim, talvez tenha perdido o coração. Mas de que me servia ele? Para que servia? Tenho sido derrubada tantas vezes, com tanto desprezo, com tanta frieza! É quase um vício que mutila meu coração inexistente. E enquanto balanço meus pés neste caminho desconhecido a minha alma está vazia, está triste e sombria, está sozinha. E por mais que eu lute por encontrar o que desejo os meus pés não se movem, não lutam comigo. Talvez eles não estejam sozinhos. Mas só talvez…

Sem Rumo

Aqui me encontro
Sem passado,
Sem futuro.
Vagueio sozinha, triste.
Numa procura por tudo,
Numa procura por nada.
Caminho sem um som,
Como o fantasma que sou,
Como o nada que sempre fui.
Deslizo, perdida na minha sombra.
Perdida do que fui,
Perdida do que nunca fui.
Olho o horizonte
Neste caos do presente,
Neste caos do agora,
Neste desconcerto de emoções,
Desconcerto de alegrias e tristezas.
Perdi-me aqui, ali,
Sem rumo certo.
Perdi-me demais para me encontrar.

Saudade

Saudade do aqui,
Saudade do agora,
Saudade do distante.

Perdi-me em teus medos
Lavados de segredos
No teu coração de amante.

Em teus olhos me encontrei,
Em vãos sentimentos amei,
Mas voei do teu coração.

E a saudade do abraço
Me leva tudo o que faço
Na saudade do teu coração.

Lua

Lua,
Que brilhas à janela
Me encantas a cada dia
Me guardas a cada noite
E brilhas
Em teu perfume me deleito
E teu abraço de tão perfeito
Me faz renascer
Me faz lutar
Me faz viver
E renasço
E descanso em teu abraço
Morro e me refaço

Lua,
Que brilhas à janela
Teu esplendor eu adorei
E de tantas vezes que errei
A tua luz brilha em mim
Enquanto eu busco por um fim
E eternizo
Toda a noite eu improviso
E encontro o teu calor
Partilho o teu amor
E revejo o teu esplendor

Lua,
Que brilhas à janela
Que iluminas minha alma
Que é o desejo marcante
Uma chama flamejante
A eterna viajante

Lua,
Que apenas brilhas à minha janela

July 7, 2011

Será loucura ?

Seria loucura olhar o sol de um arrepio e pedir por algo mais? Vagueio inquieta na noite. Sozinha, sem ti. Caminho sem rumo na terra húmida sob meus pés nus, sem me importar se mais uma pedra me ferir, sem me importar se ainda tenho mais sangue para derramar. Me encontro neste deambular sem saber o que procuro. Nem mesmo sei se tenho algo a procurar ou se já nada existe. Já nada existe! Porque continuo aqui? Porque continuo? Sinto o frio a congelar-me por dentro e este medo terrível que me faz soltar um soluço mudo. Lágrimas sem sentido atravessam a minha alma e crescem em meus olhos, desejosas de nascer. E continuo aqui, sem ida nem volta. Sem abrigo, sem lar. Sem saída, e talvez, apenas talvez voltei a tomar o caminho errado. Mais uma vez falhei, mais uma vez… será isto loucura? Será loucura procurar por ti, esperar por ti, …?
Será loucura?

4, Junho de 2011

Negro Retrato


Um dia disseste que tinhas medo,
Medo de fazer o meu retrato.
Disseste que tinhas medo de não mostrar o meu brilho.
“Brilho” disse eu “eu sinto-me um quadro completamente negro”,
Mas tu tinhas a certeza que um quadro negro representava muito.
Será que sim?
Na verdade, acho que tens razão.
Olho para o meu quadro negro
E vejo o fim,
O desabar de sonhos,
O buraco que me fez cair vezes e vezes sem conta.
Vejo o medo e a fúria,
Vejo a escuridão do meu destino, a escuridão do meu mundo,
(Não) vejo nada…
Talvez devesse olhar com mais atenção,
Mas dói cada tentativa falhada.
Estou cansada de tentar,
Estou cansada de cair,
Estou cansada de voltar a tentar.
Fico agora um quadro negro
Que tu dizes representar muito.
Será que sim?
Na verdade, não te sei dizer

11, Julho de 2010

June 13, 2011

Lágrimas

Lágrimas
Que caiem em meu rosto
São a marca do desgosto
Que matou meu coração

Lágrimas
Que são o aconchegar
O eterno abraçar
Que me protege na solidão

Lágrimas
Que em vãos olhos brilham
Que minha tristeza partilham
Iluminem a escuridão

Lágrimas
Eternas amadas
De tristes almas lavadas
Iludam a ilusão


4, Setembro de 2010

June 8, 2011

x.x

Por que continuas a gritar o meu nome
Se nele colocas ódio e desprezo?
Por que continuas a gritar por mim
E fazes com que sempre que escuto sinta que não te mereço?

Tu não conheces a minha alma
Não sabes o que me assombra a cada dia
Tu não conheces o meu coração
Não sabes da tristeza nem da alegria

Olho para ti sem conseguir ver
O que desejo que tu vejas
Sempre espero que me olhes
E percebas as minhas queixas

Porque eu ainda te amo
Mas não vejo amor de ti
Ainda espero que me digas
Que afinal não te perdi

A vida passou rápido
E parece que nada ficou
A vida apedrejou-nos
E parece que o amor voou

Mas,
Ainda te amo, como sempre amei
Ainda te olho, como sempre olhei
E ainda desejo que me olhes e me ames

Porque as feridas são imensas
E parecem não sarar
E eu sempre me entristeço
E luto por não chorar.


4, Junho de 2010

June 7, 2011

Beijo Gelado

Beijo gelado
Vassalo da minha vontade
Roubou a minha luz, a minha vida
Roubou-me o sabor da liberdade

Beijo gelado
De mil amores lançado ao acaso
Prisioneiro do medo e da tristeza
Prisioneiro de meu próprio abraço

Beijo gelado
Em mil sorrisos caídos
Amante de sentimentos temidos
Quebraste em minha desgraça

Beijo gelado
Brilhaste em meus lábios amados
Queimaste em meus olhos cansados
Num turbilhão de dor que me enlaça

11, Janeiro de 2011

June 3, 2011

Darkest Fear


Está escuro
A luz da rua é difusa
Caminho pela estrada
Com o medo a consumir-me a cada passo que dou
Já pensei desistir
Virar costas e correr
Correr o mais depressa que puder
Mas há algo ali
Algo que me puxa
Que me chama tão alto
Que sinto a cabeça a doer
Está tão escuro
Continuo a procurar
A vasculhar a escuridão
Mas não encontro nada
A luz da rua continua difusa
E o medo continua a avançar a meu lado
Não sei o que procuro
Não sei por que me puxa
Não sei por que continuo a avançar
Continua escuro
Mas a verdade da estrada em que sigo
Mutila o meu coração como uma chama
Uma chama abrasadora
Mortífera
Cheguei ao limite.
Precipício.
Continuo a avançar…
11, Julho de 2010

Talvez


Talvez o vento continue
A soprar noutra direcção
Perdi a noção do tempo
Larguei toda a razão

Talvez a vida passe
E eu continue a vaguear
O sorriso, voou com o vento
E a tempestade parece não passar

Talvez seja só eu
A ver o mundo do avesso
E a água escurece
E eu vou, desapareço

Mas talvez
O mundo esteja mesmo ao contrário
E ainda te sinto em mim
O vento, esse maldito
Levou-te e deixou-me assim!



19, Março de 2010

June 2, 2011

...


Senti o horizonte a partir
Senti o céu a escapar
Senti o oceano a fugir
Senti o solo a quebrar

Vi a bruma a desaparecer
Ouvi o vento a uivar
Perdi a beleza do amanhecer
Perdi o encanto do luar

Soprei a favor do vento
Chorei para o oceano voltar
Despedacei meu coração de tormento
Fiquei á espera de avançar

Pedi pelo teu amor
Implorei teu coração ao luar
Morri no oceano de dor
Morri na dor de te amar


20, Outubro de 2010